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Agora News
domingo, 17 de janeiro de 2016

Saiba mais sobre a primeira eletricista mulher da AES Eletropaulo


Ao contrário do que se pensa, muitas mulheres têm se interessado em seguir a profissão de eletricista. Fatores inerentes à função que poderiam ser considerados assustadores – como o contato com fios de alta tensão, a utilização de ferramentas pesadas e a eletricidade – não as intimidam, e, o que se vê é um número cada vez maior de representantes do sexo feminino a desempenhar a profissão.

Pela primeira vez uma mulher eletricista foi contratada há poucas semanas pela distribuidora de energia elétrica de São Paulo, em mais de 114 anos de história. Claudete Oliveira, 42, faz parte do time de mais de 2300 eletricistas da AES Eletropaulo, depois de ser treinada pela própria empresa para atuar em todos os serviços de manutenção de redes elétricas.   

Depois de disputar sem privilégios a vaga com candidatos homens, ela realiza atualmente um trabalho de aferição de medidores residenciais, por meio da AES Serviços, em que visita pelo menos 14 casas por dia para fazer testes de calibragem.

Há menos de dois anos, a jovem avó perdeu o esposo – que tanto a incentivou a investir na nova profissão – com quem foi casada durante 21 anos. Ela agora chefia a família com a ajuda de uma pensão, o novo salário e os benefícios da carreira que tanto lutou para iniciar.

Tem três filhos. Rafael, de 20 anos, Richard, de 15, e uma moça de 17, Ellen, que é mãe do Miguel, de oito meses, e mora na casa de baixo da que Claudete vive com os dois garotos. A eletricista mora há 10 anos na Vila Guacuri, região de Cidade Ademar. Nasceu em Minas, cidadezinha de Iturama, mas veio ainda bebê para São Paulo.

Tinha medo de energia elétrica – Foi tudo mais ou menos por acaso. Claudete foi babá, dona de casa, telefonista, auxiliar de escritório e atendente em comércio. Nunca tinha pensado em ser eletricista. No entanto, faz uns três anos, o filho mais novo tinha aulas de teatro na Casa de Cultura e Cidadania, projeto da H. Melillo e da AES Brasil e, certo dia, seu marido foi buscar o menino na unidade. Soube por alto então de um curso de elétrica para mulheres e, em casa, sugeriu o curso, já que ela morria de medo de energia: mexer no chuveiro, consertar tomadas e trocar lâmpadas era um drama.   

“Na hora pensei ‘ah, não é pra mim isso’, mas ele insistiu, dizendo que ia ser bom para perder o medo e fui lá ver”, conta Claudete. “Fiquei sabendo que o projeto era para inserir mulheres na Eletropaulo e voltei para casa dizendo que não era bem aquilo que ele pensava, se tinha certeza de que queria que eu fizesse o curso”. Com o apoio do marido, se inscreveu junto com mais 211 mulheres de comunidades atendidas por esse projeto de investimento social privado da Companhia.

O grupo enfrentou dias de um processo seletivo rigoroso, encerrado com a escolha de 21 das mais de duas centenas de candidatas para realizar o curso de capacitação. Elas foram contratadas por uma empresa que presta serviços para a distribuidora de energia.  

Depois de mais de dois anos na empresa terceirizada, a eletricista se candidatou a uma das 40 vagas abertas pela AES Eletropaulo há poucas semanas e se tornou uma pioneira. “É muito gratificante e meus filhos morrem de orgulho de mim, ainda mais quando falei que era a única mulher”.



Ela já sabe que há outro curso semelhante em andamento, por meio das Casas de Cultura e Cidadania de diversas regiões da cidade e torce para que em breve tenha novas colegas. A já veterana se programa para fazer mais cursos de especialização em segurança e eletrotécnica, com planos bem traçados de desenvolvimento de sua carreira na Distribuidora.    

“Aí sim, hein?!” – A eletricista conta que as pessoas ficam surpresas e curiosas quando está na rua, toda uniformizada e equipada. Dizem “nossa, uma mulher!”, mas ela conta que a tratam muito bem. “As crianças acham que a gente é bombeiro, brincam comigo, acenam...”

E acontece de uns rapazes mexerem com ela na rua, assoviarem e tudo mais – outro dia um fez um coraçãozinho com as mãos e o parceiro de equipe dela na “viatura” da Eletropaulo brinca, dizendo que ela está arrasando corações. “Outro dia, estava passando e uma mulher gritou: ‘aí, sim, hein?! Até que enfim uma mulher’!” Ela se diverte e ri muito disso tudo.  

Claudete revela que muitas vezes tem que trabalhar de psicóloga, já que há clientes nas casas que ela visita diariamente que contam da vida, do marido, das dificuldades... Ela entra na conversa e não toma café – agradece, mas a única coisa que aceita é água para abastecer a garrafinha que não dura o dia todo.

Desafios diários – Claudete visitou praticamente todos os bairros da zona sul e já passou por maus bocados. “Certa vez, tive que ligar para uma cliente buscar a gente no começo de uma rua estreita de uma comunidade”. Alguns homens armados, talvez do tráfico de drogas, impediram a equipe de entrar, achando que podiam ser policiais disfarçados. Mas tudo foi esclarecido. Ela diz que o dia a dia costuma ser bastante tranquilo.

Sobre o ambiente predominantemente masculino, não se incomoda: “me sinto poderosa”. Quando chega à preleção de segurança, os cerca de 120 homens da sua central de operações ainda olham curiosos, perguntando o que ela afinal faz. Sobe na escada? “Sim!, só não puxo ramal, fio grandão. Mas de resto...” Ou seja, realiza qualquer trabalho que os marmanjos fazem.

Um colega da antiga empresa a desafiou, dizendo que duvidava que ela subisse num poste para fazer o serviço daquele dia. Aconteceu em uma rua próxima à Raposo Tavares. A dupla devia fazer a aferição em uma caixa de circuitos, em um teste relacionado a um projeto da AES de redes inteligentes. Havia engenheiros da Eletropaulo e de outras empresas, além de curiosos.

“Fui lá, peguei meu cinto paraquedista, meus equipamentos e até um engenheiro perguntou se eu tinha certeza de que ia subir; falei que era capacitada para isso, subi e fiz a aferição tranquilamente”. Quando ela concluiu a missão, todos bateram palmas, enquanto descia a escada, e ainda ganhou um pedido de desculpas do desafiante. Ninguém mais duvida de Claudete.  

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3 comentários:

  1. Parabéns,Claudete
    Estamos todas nós,eletricistas,de parabéns!

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    1. Muito Grato Elane pelo seu elogio e participação, cordial abraço !

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    2. Coisa linda de se ver

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